No terreno calcinado, só restaram as cinzas da casa e três cachorros. Os animais sobrevivem com a solidariedade dos vizinhos, que lhes servem água e comida. A revista Globo Rural foi conhecer o assentamento Galo Velho, a cerca de 400 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia.
Lá as queimadas criminosas fizeram duas vítimas: o casal Eidi Rodrigues de Lima, de 36 anos, e Romildo Schimdt, de 39, que morreram carbonizados na pequena propriedade deles. De acordo com testemunhas, que já prestaram depoimentos à Polícia Civil, que investiga o caso, no dia 13 de agosto, um incêndio de grandes proporções atingiu o assentamento, provocando a fuga de várias famílias.
Eidi e Romildo, conhecido como “Preto”, não tiveram a mesma sorte: tentando salvar o pouco que juntaram em muitos anos de trabalho na roça, incluindo materiais de construção e criações de animais, como porcos e galinhas, não conseguiram escapar e morreram queimados.
Área incendiada equivale a 1.000 campos de futebol.
“Estamos ouvindo as pessoas. Muitos têm medo de represálias, pois é comum o uso do fogo na nossa região para limpeza de áreas, seja para o plantio ou pecuária. Com os indícios que temos, parece que foi um incêndio com essa finalidade, mas que saiu de controle e vitimou duas pessoas”, disse Kondageski à reportagem da Globo Rural.
O delegado também destacou que há muitos incidentes na região de Machadinho D’Oeste envolvendo queimadas na zona rural. “Temos o registro de cinco ou seis ocorrências por semana envolvendo danos materiais. Tem um inquérito de 2017, quando um senhor também foi vítima de incêndio. Porém, neste caso, ele mesmo teria iniciado a queimada para limpar uma área, que fugiu do controle e acabou o matando. No inquérito do casal, ainda haverá tipificação do crime, se foi ambiental e com homicídio com dolo eventual, já que quem promove esses incêndios, assume o risco de matar”, apontou ele.
Desde o início de julho, o amanhecer em Rondônia tem tons de cinza. Porém, a névoa não é por causa da neblina, nuvem de vapor causada pela queda de temperatura, mas por queimadas nas zonas urbanas e rurais do estado do Norte do país.
De acordo com o núcleo de meteorologia da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), em um ano, de agosto de 2018 a agosto de 2019, foram registrados 10.249 focos de calor em Rondônia. Este foi considerado pelo órgão, o pior mês desde 2012, apesar dos dados ainda estarem sendo fechados.
FONTE: revistagloborural
POR: JARUNOTICIA