Momento Nossa História: Rede Amazônica

24 de junho de 2020 Fonte::

A Rede Amazônica passou a utilizar este nome no dia 03 de janeiro de 2015, marcando uma nova era na emissora e em suas afiliadas e retransmissoras. Antes denominadas de acordo com o Estado e a cidade em que estão presentes, passaram a utilizar apenas a nomenclatura Rede Amazônica. O nome, conhecido do público durante a exibição das vinhetas de programação que ressaltavam a denominação com a mensagem “uma emissora da Rede Amazônica” passa a adotar somente Grupo Rede Amazônica, uma unificação da marca tal qual ocorreu com a TV Globo, hoje apenas um dos meios de comunicação do Grupo Globo.

A chegada do sinal da Rede Globo de Televisão em Jaru com antena local aconteceu na década de 1980, porém já era possível assistir algo na TV nos anos de 1970. João de Souza Rocha, conhecido popularmente como Negativo, se destaca pelo pioneirismo na instalação de vários meios de comunicação não apenas no hoje município, mas também em vários locais de Rondônia e concedeu uma série de entrevistas ao escritor Elias Gonçalves para falar a respeito do assunto.

Oriundo de Mamborê (PR), Negativo chegou ao distrito Vila de Rondônia (Ji-Paraná) em 1972 e entrou na comunicação rondoniense dois anos depois na extinta Telecomunicações de Rondônia S.A, a Teleron, atuando em serviços braçais. Através da empresa, instalou torres de telefonia fixa em Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste, a localidade base da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) na região central do Território Federal de Rondônia. Versátil em sua vida profissional, Negativo atuou em diversas áreas, mas o setor de comunicação jamais saiu de seu pensamento. Participou ativamente do processo de montagem dos equipamentos de instalação da então TV Ji-Paraná no ano de 1976 em meio a muitos desafios para que a população pudesse ter acesso à programação televisiva.

Negativo relata que à época a TV Ji-Paraná – chamada de repetidora – recebia as fitas cassetes encaminhadas pela Rede Amazônica de Manaus. A programação era apresentada com dias – e em alguns casos meses – de atraso em relação ao seu tempo normal de exibição na TV nacional. A emissora ji-paranaense exibia programas da Globo, Bandeirantes e também de outras emissoras, entre elas a, hoje extinta, Tupi. As fitas eram encaminhadas inicialmente ao município de Porto Velho que, além de exibir na Capital rondoniense, encaminhava as cópias às repetidoras existentes no Território. Importantes meios de acesso aos acontecimentos no país e no mundo, os telejornais geralmente eram apresentados com 48 horas de atraso, porém algumas exibições poderiam acontecer no mesmo horário em que os mesmos foram gravados. Os demais programas iam ao ar de acordo com os dias da semana em que eram originalmente apresentados, contudo com até 45 dias de atraso. “A audiência era muito boa, uma vez que até então a única forma ficar por dentro dos acontecimentos nacionais era através do programa governamental A Voz do Brasil”, diz, se referindo ao informativo criado pelo governo federal em 22 de julho de 1935 e com exibição obrigatória nas emissoras de rádio de todo o país.

Devido às circunstâncias da época, Negativo se mudou para Vilhena, onde também implantou a então TV Vilhena. Pioneira na comunicação da Região Norte, até dezembro de 2017, a Rede Amazônica homenageava as cidades em que estava presente denominando a emissora afiliada ou repetidora com o nome da localidade. A única exceção se referia às emissoras sediadas na capital dos estados que, obrigatoriamente, possuíam o nome do Estado de atuação.

Negativo relata que a vila de Jaru começou a receber as primeiras imagens de um canal de televisão no ano de 1977 através do sinal oriundo de Ji-Paraná que era retransmitido em Ouro Preto do Oeste. A informação dita por ele se aproxima do período informado por Maria Graciana Ribeiro Cantanhêde, uma das filhas de um dos pioneiros de Jaru, Raimundo Cantanhêde (1921-1981) e sobrinha de Aldemir Lima Cantanhêde (1924-1986), igualmente importante na fundação do espaço que passaria a fazer parte do município. Mariana Cantanhêde, como é conhecida, chegou à região em abril de 1954 e diz que, embora a imagem não apresentasse uma qualidade considerável era possível sim assistir algo na TV na segunda metade da década de 1970 ainda em preto e branco. “Muitas vezes colocávamos papel celofane para que a imagem parecesse que estava em cores e todos ficavam contentes com o resultado”, recorda em meio a um sentimento de nostalgia.

Outro pioneiro jaruense que confirma as informações de Mariana Cantanhêde e Negativo é Dário Calixto de França. Dário chegou à vila de Jaru junto com sua família em fevereiro de 1976 e, conforme recorda, a Copa do Mundo de 1978, realizada na Argentina, pôde ser assistida em Jaru ainda em preto e branco e com muito “chuvisco” devido à baixa qualidade das imagens analógicas da época.  Na década de 1980, Dário Calixto tinha um escritório de contabilidade (a primeira empresa do ramo contábil em Jaru) e foi um dos responsáveis por representar a TV Jaru. Dário Calixto também carrega consigo o título de ser o funcionário nº 01 no registro em carteira de trabalho de um grande supermercado que existe hoje no município, mas que surgiu em Jaru na década de 1970 como um pequeno comércio de gêneros alimentícios.

Conforme recorda, Dário Calixto tinha como função vender comerciais para a TV e guardava consigo a chave do prédio da – à época – repetidora e foi o primeiro encarregado de ligar e desligar os equipamentos. Era a época dos motores da hoje extinta Ceron e com isso os desafios aumentavam. “Tínhamos muita falta de energia elétrica e com isso eu deveria estar de prontidão, caso fosse necessário”, recorda.  O “necessário” neste caso acontecia sempre que a energia elétrica ia embora (faltava, em uma linguagem atual) e depois retornava, algo comum no período em que a única fonte de energia em Jaru era oriunda de motores. Dário esteve à serviço da emissora por mais de um ano e depois seguiu sua carreira profissional por outros caminhos.

Até 1982, os jogos de futebol, um dos principais atrativos da programação, eram exibidos somente após serem vendidas todas as quotas de patrocínio da partida. Apesar das dificuldades operacionais, era algo fácil de conseguir, uma vez que era a única forma de ver a imagem do jogo e sentir a indescritível emoção de um gol do time preferido. A TV Jaru foi montada com equipamentos locais na década de 1980. Os registros contidos no site da Anatel informam que a Outorga da emissora foi publicada no Diário Oficial da União no dia 20 de junho de 1985 através de uma portaria do Ministério das Comunicações.  Antes da implantação de uma torre local, as imagens captadas não tinham uma boa qualidade, mas possuíam um significado especial para os poucos lares em que havia um aparelho de televisão. Muitas pessoas que não contavam com um televisor em casa e assistiam em alguma localidade próxima, denominavam a TV como “televizinha”. Negativo recorda com exatidão que, em meio às dificuldades, sempre ia até as residências com objetivo de acompanhar a qualidade da recepção e auxiliar na melhoria do sinal. “Foi um período muito importante, pois representou para mim uma faculdade na prática” disse ao escritor Elias Gonçalves.

Em 2005, com a contratação do jornalista Robert Takeshi Muracami, se inicia uma nova era na repetidora da Globo no município. Muracami iniciou o seu trabalho na comunicação jaruense através do Stúdio 5 Propagandas e Publicidades em 1999 e desde então tem se destacado em várias áreas. Com passagens pela Interativa FM, Stúdio 5, TV Candelária (SIC TV), Nova Jaru FM e FM do Povo, o jornalista recorda com entusiasmo o período em que atuou como vídeo-repórter na Rede Amazônica de televisão, onde comandaria também o noticiário local “24 Horas”.

Muracami foi convidado pela então TV Ariquemes para fazer um estágio na emissora e lá conheceu quais procedimentos deveriam ser adotados no que se refere à produção, vídeo, edição, pauta e reportagem de um telejornal.  Em seguida fez treinamentos com a equipe da TV Rondônia (hoje Rede Amazônica) em Porto Velho, onde produziu algumas reportagens locais. Para ele, a graduação em Jornalismo ocorreu de forma prática no rádio com o radialista Ivan Gonzaga de Carvalho, “o Filho de Dona Júlia” e a pós-graduação na Rede Amazônica. Robert Muracami produziu reportagens para a emissora entre 2005 e 2007. No período de 2012 a 2017, Muracami participou do programa Tribuna do Povo com o jornalista José Élcio Moreira e, em seguida, teve um importante destaque no Jornal Interativo, atração jornalística criada por ele e Omar Antônio da Cunha, o Antônio Carlos e exibida de segunda a sexta-feira na Rádio Comunitária Interativa FM.

Em 19 de dezembro de 2017, a Rede Amazônica passa novamente a contar com um profissional para fazer a cobertura jornalística no município de Jaru. Trata-se de Rinaldo Moreira que atua como vídeo-repórter, situação em que o jornalista faz o papel de cinegrafista e repórter simultaneamente.

Fonte: Elias Gonçalves

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